sábado, julho 27, 2024
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A Mentalidade Revolucionária

A Mentalidade Revolucionária

O mundo sofre desde o século XV de uma chaga, um problema gigantesco e um mal destrutivo. É o movimento revolucionário, que na ânsia de mudar o mundo sem antes compreendê-lo provocou e ainda provoca as maiores tragédias, desgraças e genocídios já vistos pela humanidade. O século XX – o século das ideologias e das revoluções – teve 120 milhões de mortes provocadas diretamente pelas ramificações do movimento revolucionário. Comunismo, nazismo, fascismo, progressismo e tutti quanti fizeram do século passado a mais triste página desde o advento do homem. Suas raízes são bem identificadas e expostas pelo filósofo alemão Eric Voegelin na sua obra História das Ideias Políticas, composta por oito volumes.

Os adeptos de tal movimento são portadores da mentalidade revolucionária, uma chaga igual ou pior do que o próprio agrupamento em si. Ela é nada mais que um estado mental, onde um indivíduo ou um grupo acredita estar autorizado a destruir as bases da sociedade vigente mediante a tomada do poder. Ou seja: inverter todos os critérios e padrões morais para colocar outros que sirvam aos interesses da revolução. Para a obtenção dos objetivos do processo revolucionário, tudo é válido, nada é proibido, já que todos os crimes, os roubos, as mentiras e os assassinatos serão julgados pelos novos critérios morais da sociedade erguida pela revolução – o que justifica os genocídios empreendidos pelas diversas facções do movimento revolucionário.

“Mentalidade revolucionária” é o estado de espírito, permanente ou transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar o conjunto da sociedade — senão a natureza humana em geral — por meio da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou passada, só tendo satisfações a prestar ao “tribunal da história”. Mas o tribunal da história é, por definição, a própria sociedade futura que esse indivíduo ou grupo diz representar no presente; e, como essa sociedade não pode testemunhar ou julgar senão através desse seu mesmo representante, é claro que este se torna assim não apenas o único juiz soberano de seus próprios atos, mas o juiz de toda a humanidade, passada, presente ou futura. Habilitado a acusar e condenar todas as leis, instituições, crenças, valores, costumes, ações e obras de todas as épocas sem poder ser por sua vez julgado por nenhuma delas, ele está tão acima da humanidade histórica que não é inexato chamá-lo de super-homem. (…) a “mentalidade revolucionária” é totalitária e genocida em si, independentemente dos conteúdos ideológicos de que se preencha em diferentes circunstâncias e ocasiões. (CARVALHO, 2013, p.187).

No Brasil, a hegemonia da mentalidade revolucionária é total. O establishment político, acadêmico e jornalístico é composto inteiramente pela esquerda que pegou em armas para a implementação do comunismo nos moldes cubanos e que, com a derrota na luta armada contra o regime militar, escolheu a estratégia gramsciana de ocupação dos espaços intelectuais para a conquista da hegemonia. Essa ocupação política, acadêmica e jornalística perverteu ao longo de quase um século valores morais e éticos da sociedade mundial.
Mesmo diante de incontestável insucesso desse sistema de reescrever a história, citemos como exemplo a revolução russa de 1917, a qual deu direito a mulheres ao divórcio, que tornou a Rússia a primeira nação do mundo a aprovar lei de aborto e teve como efeitos imediato um número absurdo de divórcios (a maioria pedida por homens) e um número incontável de meninos de rua, que tornou Cuba uma ilha paradisíaca, prospera e pujante em uma sociedade decadente e miserável, que transformou a Venezuela outro local inigualável, prospera e bonita em uma sociedade faminta, degradada, e diversos outros exemplos que foram responsáveis pelas mortes de 120 milhões de pessoas no mundo, mesmo diante de tudo isso ainda tem pessoas que defendem esse sistema miserável, degradante e improdutivo.

Se você perguntar, por exemplo, em que é que a disseminação do homossexualismo pode contribuir para a estatização da economia, ou em que é que a islamização das massas pode contribuir para a disseminação do homossexualismo, a resposta, em ambos os casos é uma só: em nada. No entanto essas três tendências estão irmanadas no combate e juntas contribuem para o fortalecimento do poder revolucionário. A elas somam-se o feminismo, o abortismo, o indigenismo, o ecologismo, a negritude, o movimento pelos “direitos dos animais”, a liberação das drogas etc. etc. etc. A lista não tem fim. Qualquer coisa que tenha alguma força corrosiva serve. Contra que se unem essas forças? Nominalmente é– às vezes – contra uma coisa denominada “o sistema”, mas isso é só um símbolo unificador e não uma entidade existente, já que o movimento revolucionário está amplamente escorado no apoio de organizações que personificam o “sistema” da maneira mais clara e inconfundível, como as fundações bilionárias, a grande mídia, a indústria do show business, os organismos internacionais e assim por diante. Longe, portanto, de se condensar numa “ideologia”, o movimento revolucionário se caracteriza pela sua capacidade de integrar e utilizar discursos ideológicos os mais diversos e heterogêneos. Ideologicamente, seu único princípio de unidade é o ódio feroz e incansável a tudo o que não seja ele próprio, ou a tudo o que se oponha à expansão ilimitada do seu poder. A força de coesão que mantém juntos os componentes dessa massa heteróclita de ódios e rancores disparatados situa-se na esfera da estratégia e não da ideologia. Essa unidade estratégica reflete-se no fato de que, pelas vias mais diversas e aparentemente incompatíveis entre si, o movimento revolucionário sai sempre fortalecido, haja o que houver. (CARVALHO, 2013).

Todas as atividades que têm por objetivo criar uma sociedade melhor, visando para isso a concentração de poderes, estão completamente integradas na mentalidade revolucionária. Essa inversão dos ideais democráticos tem por conseqüência a morte do indivíduo. É característica de todas as revoluções guiadas pela mentalidade revolucionária a matança sistemática de pessoas. Podemos encontrar esses mesmos elementos em outras revoluções, como a Francesa, a Russa, a Chinesa, a Cubana etc. Contudo a Revolução Americana não se enquadra nesse padrão. Nela, em nenhum momento, encontra-se uma proposta de sociedade ideal, e muito menos, de conquista do poder do Estado para concretização das ideias revolucionárias. Por isso, a Revolução Americana não foi um evento eivado de mentalidade revolucionária.
O golpe (no Brasil) não produziu diretamente o regime militar. Este foi nascendo de uma sequência de transformações — quase “golpes internos” — cujas consequências ninguém poderia prever em março de 1964. Na verdade, não houve um “regime militar”. Houve quatro regimes, muito diferentes entre si: (1) o regime saneador e modernizador de Castelo Branco; (2) o período de confusão e opressão que começa com Costa e Silva, prossegue na Junta Militar e culmina no meio do governo Médici: (3) o período Médici propriamente dito; e (4) a dissolução do regime, com Geisel e Figueiredo. (CARVALHO, 2013, pp.306-307).
Em suma, para ilustrar melhor e pontualmente o aspecto revolucionário, vamos citar os cinco pontos característicos dos fenômenos guiados pela conduta revolucionária elaborados por Carvalho:

  1. O revolucionário não entende a injustiça e o mal como fatores inerentes à condição humana, (…) e sim como anomalias temporárias criadas por uma parcela da humanidade, a qual parcela — os burgueses, os judeus, os cristãos, etc.
  2. A parcela culpada espalha o mal e o pecado por meio do exercício de um poder, (…) deve ser eliminada por meio de um poder superior, o poder revolucionário, criado deliberadamente para esse fim.
  3. O poder maligno domina a sociedade como um todo, moldando-a à imagem e semelhança de seus interesses, fins e propósitos. A erradicação do mal deve tomar, portanto a forma de uma reestruturação radical da ordem social inteira. Nada pode permanecer intocado.
  4. A nova sociedade de ordem, justiça e paz não pode, portanto ser imaginada senão em linhas muito gerais, tão diferente ela será de tudo o que existiu até agora. O revolucionário não tem, portanto a obrigação (…) de expor de maneira clara e detalhada o plano da nova sociedade, muito menos de provar sua viabilidade ou demonstrar, em termos da relação custo-benefício, as vantagens da transformação.
  5. Embora conhecida apenas como uma imagem muito geral e vaga, a sociedade futura coloca-se por isso acima de todos os julgamentos humanos e se torna ela própria a premissa fundante de todos os valores, de todos os juízos, de todos os raciocínios. (…) Os erros e crimes do líder caído, não podendo ser imputados à sociedade futura, nem ao processo revolucionário enquanto tal,(…), só podem ser explicados portanto como um efeito residual do passado condenado: o revolucionário, por definição, só peca por não ser revolucionário o bastante.

A inversão revolucionária passa a ver a sociedade como um todo portadora do mal, e não os seres que a compõe: os indivíduos. E cabem aos revolucionários, essas cabeças iluminadas por essa verdade revelada conquistar o Estado, e levar então, a felicidade para todos que se encontram num estágio de ignorância, que não foram afetados pela luz da revolução. Sobre essa sociedade perfeita futurista, ninguém pode afirmar nada, nem mesmo os revolucionários que tanto lutam, pois, eles não sabem o que os espera para além dos das próximas horas. Devido isso, eles agem com os senhores do tempo, julgando a todos, e o único crime, digno de ser nomeado também por “pecado capital revolucionário” é de não ser revolucionário suficiente. A linha do suficiente é algo que se estira para o além, paralelamente a linha do sonho da utopia. E como duas retas paralelas, elas tem um encontro apenas no infinito de seus horizontes, ou seja, em lugar nenhum.

É por isso que quase por unanimidade os membros do PT que foram presos alegavam inocência, alegavam injustiça, erros processuais, porque são portadores de uma ideologia perfeita e só podem ser julgados no futuro pelos membros dessa sociedade perfeita, Lula foi mais longe ainda e quando saiu da cadeia por uma manobra jurídica do STF se disse mais injustiçado que Jesus Cristo que deu a vida voluntariamente para salvar a humanidade. De fato os negacionistas são justamente esses homens e mulheres da revolução que não aceitam os erros históricos e incontestáveis desses regimes que só causaram destruição e morte e que jamais funcionará pois em todas as oportunidades que tiveram que colocá-lo em prática mostrou-se um fracasso deliberado e total.

Ora, analisemos bem a história, a “revolução do proletariado” nunca existiu. Em todas as intervenções que culminaram em regimes autoritários foram patrocinados e realizados pelos burgueses pela elite intelectual em nome de criar uma sociedade perfeita. A premissa é simples: já que o proletariado não se move e não se articula para trazer à tona essa revolução, vamos nós (intelectuais, burgueses e pensadores da sociedade) fazê-la em nome e para a sociedade. E no final desse processo vamos administrar esse novo mundo perfeito porque afinal de contas o proletariado não tem as condições de conduzir essa sociedade perfeita. Esse é o sintoma clássico do autoritarismo.

Atitudes de ministros da Suprema Corte Federal, de criar o inquérito do fim do mundo, inquérito das fake News, de prender pessoas por expressarem sua opinião, de inventar crimes que não existem, de mandar fechar canais de direita conservadora, de tirar direitos políticos de deputados não são mera coincidência, são em si mesmos a prova inconteste de que existe uma elite intelectual revestida de autoridade e que não pode ser julgada na atualidade por seus pares, porque age em nome de uma revolução, de um ideal imaginário sem substância, estão acima do bem e do mal, agem por força dessa mentalidade revolucionária e só no futuro os seus pares poderão julgá-lo por suas atitudes.
Preciso aqui fazer um adendo no que se refere aos direitos políticos de imunidade por opinião que foram retirados do Deputado Daniel Silveira, engana-se quem pensa que somente o Deputado sofreu a sansão, na verdade foi todo o parlamento brasileiro. Hoje, todos os parlamentares (principalmente de direita conservadora) ponderam com muito cuidado as palavras que proferem publicamente. Mas isso em breve se estenderá a todos que tenham opinião divergente do “grande irmão” (1984 Jorge Orwell), todos que se atrevam a atrapalhar os objetivos “nobres” de moldar a sociedade perfeita.

Graças a Paulo Freire nossa sociedade se tornou extremamente questionadora, exigente, cheia de direitos humanos, mas essa mesma sociedade não sabe apontar soluções, minimante, se você teve paciência pra ler até aqui peço então que faça o teste, converse com pessoas e pergunte quais são os problemas da nossa sociedade e depois de ouvir pacientemente, peça a essa mesma pessoa uma solução pra essa demanda, algo que possa ser feito efetivamente, você vai se espantar com as respostas porque na maioria das vezes são impraticáveis, sem eficiência nenhuma.

Precisamos refletir. É o que nos resta. Façamos enquanto podemos. Que o Senhor te abençoe.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CARVALHO, Olavo de. A Mentalidade Revolucionária. Diário do Comércio, 16 ago. 2007;
______. Ainda a Mentalidade Revolucionária. Diário do Comércio, 10 out. 2007;
______. O Que é o Fascismo? Diário do Comércio, 8 jul. 2000;
______. A Técnica da Rotulação Inversa – II. Diário do Comércio, 27 jan. 2011;
______. A Inversão Revolucionária. Diário do Comércio, 29 out. 2007;
______. A Inversão Revolucionária em Ação. Diário do Comércio, 23 jul. 2008;

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