Veja as palavras que o TSE quer banir do nosso vocabulário
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou uma cartilha que recomenda “banir do vocabulário brasileiro” 40 palavras ou expressões “preconceituosas” e racistas. No documento, o TSE lista “esclarecer”, “escravo”, “meia-tigela” e “nega maluca”. O texto sugere ainda excluir o termo “feito nas coxas”.
Divulgado em 30 de outubro, durante o encontro Democracia e Consciência, o manual apresenta mais hipóteses que fatos concretos para justificar a censura aos termos escolhidos pela Corte. Produzido pela Comissão de Igualdade Racial do TSE, criada em abril deste ano, o conteúdo é dúbio e bastante impreciso.
Para o TSE, a palavra “esclarecer” é racista “a partir do instante em que transmite a ideia de que a compreensão de algo só pode ocorrer sob as bênçãos da claridade, da branquitude, mantendo no campo da dúvida e do desconhecimento as coisas negras”. O significado original de esclarecer é a oposição à ausência de luz, que gera dificuldade para enxergar.
Também a expressão “mercado negro” foi censurada. “O emprego do adjetivo ‘negro’ na expressão tem o objetivo de sublinhar o caráter ilícito daquela realidade”, observou o TSE. “O negro, nessa construção, é associado ao tráfico de crianças, drogas e armas, ao comércio de produtos contrabandeados.”
Professora esclarece termos
No Instagram, a professora de língua-portuguesa Cíntia Chagas criticou o caso. “Querem denegrir a língua portuguesa”, provocou. “Imbuídos de etimologias falsas, de etimologias de meia-tigela, os inquisidores da linguagem infringem, em branca nuvem, conceitos de dicionários, usos consagrados e tradições, criando um mercado negro vocabular”. Adiante, ela interpela “o que mais terá de ser feito para que esclareçamos a verdade aos incautos, aos ingênuos, aos desavisados?” “O medo de virar ovelha negra faz com que estes aceitem explicações vexaminosas, sem um pestanejo sequer”, observou Cíntia.
Em entrevista a Oeste, Cíntia criticou a “cartilha antirracista” de palavras da esquerda, ela explicou: “Entendo que essa cartilha surgiu no meio de militantes que têm anseio político. Muitas palavras ‘proibidas’ nessa espécie de ‘documento’ nem sequer deveriam estar lá, como ‘denegrir’, cuja origem é do latim ‘denegrare‘, que significa manchar. É óbvio que há expressões que são preconceituosas, como ‘eu não sou tuas negas’. Isso é uma ofensa. As pessoas não têm de falar assim. Caso ocorra, a Justiça está aí. O que me incomoda é a hipocrisia e a mentira de constarem expressões não preconceituosas.”
TSE anuncia “canal de denúncias” contra expressões racistas
Na cartilha, a Corte informou um e-mail específico para denúncias contra expressões racistas que ampliem o manul. “Se você conhece outros vocábulos ou expressões racistas e acredita que devam fazer parte desta publicação, envie a sugestão para nós”, orienta o TSE. “A comissão irá avaliar sua proposta e, em caso de deferimento, ela será incluída em nova edição da obra.” (Conteúdo publicado primeiramente por Revista Oeste)
Veja a relação de todas as palavras e expressões que entraram na mira do TSE:
- A coisa tá preta
- Barriga suja
- Boçal
- Cabelo ruim
- Chuta que é macumba!
- Cor de pele
- Criado-mudo
- Crioulo
- Da cor do pecado
- Denegrir
- Dia de branco
- Disputar a negra
- Esclarecer
- Escravo
- Estampa étnica
- Feito nas coxas
- Galinha de macumba
- Humor negro
- Inhaca
- Inveja branca
- Lista negra
- Macumbeiro
- Magia negra
- Meia-tigela / de meia-tigela
- Mercado negro
- Mulata
- Mulata tipo exportação
- Não sou tuas negas!
- Nasceu com um pé na cozinha
- Nega maluca
- Negra com traços finos
- Negra de beleza exótica
- Negro de alma branca
- Ovelha negra
- Preto de alma branca
- Quando não está preso está armado
- Samba do crioulo doido
- Serviço de preto
- Teta de nega
- Volta pro mar, oferenda!